terça-feira, 8 de maio de 2012

RESPONSABILIDADE SOCIAL - PRÉMIO A CONCURSO

Estão abertas até o dia 13 de maio as inscrições para a 8ª edição do Prêmio Empreendedor Social, realizado Fundação Schwab e pela Folha de S.Paulo. O objetivo da iniciativa é valorizar e apoiar líderes de cooperativas, negócios sociais, ONGs e pessoas físicas que atuam há pelo menos três anos em ações pioneiras, sustentáveis e de impacto social direto, com elevado potencial de influenciar políticas públicas.
O prêmio, realizado no Brasil desde 2005, é promovido em outros 13 países de cinco regiões: nações da África, Oriente Médio, América Latina, Europa e Ásia. O vencedor terá acesso a potenciais patrocinadores internacionais e a programas exclusivos, entre os quais cursos de ensino executivo e/ou voltados ao empreendedorismo socioambiental no Insead (França), Universidade Harvard (EUA) e Universidade Stanford (EUA).
A premiação prevê também para o melhor projeto consultoria jurídica do escritório de advocacia especializado em terceiro setor, bolsa de estudos para curso de extensão OEMP (Owners & Entrepreneurs Management Program) do IE Business School, em Madri, entre outros benefícios.
Em entrevista exclusiva para o Responsabilidade Social.com, a diretora-executiva da fundação no país, Mirjam Schoening, fala sobre a iniciativa e avalia o empreendeorismo social brasileiro. Ela também aponta os principais avanços do Brasil nesse setor e aponta os desafios brasileiros na área. Acompanhe.
1) Responsabilidade Social - A Fundação Schwab lançou em parceria com a Folha de São Paulo a oitava edição do Prêmio Empreendedor Social. Como a senhora avalia o empreendedorismo social no país?
Mirjam Schoening
- O empreendedorismo social é um campo novo, mas com uma longa tradição no Brasil. Em 2000, quando a Fundação Schwab conduziu uma pesquisa global sobre empreendedores sociais, encontramos um número significativo de iniciativas sociais inovadoras no Brasil. Em nosso primeiro grupo de 40 empreendedores sociais, mais da metade veio do Brasil, Índia ou Estados Unidos. Isso se relaciona ao fato de que um dos primeiros escritórios da Ashoka foi aberto no Brasil, anos antes desse conceito se tornar conhecido em outros lugares.
Desde que lançamos o Prêmio Empreendedor Social, em parceria com a Folha, em 2005, nós temos tido centenas de candidatos por ano. O número de inscritos é sempre bem acima de qualquer outro país do mundo, que realiza o concurso, incluindo a Índia!
2) RS - Quais os principais avanços do país nessa área ao longo desse período e quais os retrocessos?
MS
- Desde o primeiro prêmio em 2005, notamos a diversificação dos candidatos em diferentes setores. A Folha também percebeu que havia jovens empreendedores sociais com grande potencial, que se inscreviam no Prêmio Empreendedor Social, mas que ainda não estavam maduros o suficiente para concorrer nessa modalidade, porém mereciam ser reconhecidos. Assim, foi criada a premiação Folha Empreendedor Social de Futuro, para fornecer à próxima geração modelos palpáveis e a chance de, eventualmente, iniciarem sua própria empresa social.
3) RS - Na sua opinião, o Brasil dispõe de mecanismos eficientes para estimular a realização de projetos sociais inovadores? Por quê?
MS
- O Brasil tem uma população muito criativa e empreendedora. Isso é um ingrediente chave para se ter um vibrante setor de empreendedorismo social. Além disso, os empreendimentos sociais, muito em breve, precisarão de acesso a financiamento. Atualmente, há um grande número de empresas engajadas e de fundações que costumam fazer doações voltadas ao empreendedorismo social. Alguns dos mais antigos investidores sociais, como Vox Capital e Artemisia também estão provendo os próximos estágios de capital para os negócios sociais mais orientados ao lucro que estão buscando expandir suas atividades.

4) RS - Quais são os desafios do Brasil nessa área e qual o papel da Fundação Schwab nesse contexto?
MS
- Ser inovador não é suficiente para ser um empreendedor social. Você tem de correr e, primeiramente, registrar sua organização. Nessa área, o Brasil é um dos mercados mais desafiadores do globo, como indica o seu baixo posicionamento no relatório “Doing Business”.
Também há restrições legais às empresas sociais que geram receitas e conseguem recursos por seus produtos e serviços. Aqui, na Suíça, ou na Fundação Schwab, há uma série de regulamentações e estruturas fiscais interessantes que estão sendo experimentadas ao redor do planeta. A Fundação Schwab reúne especialistas do campo do empreendedorismo social e investimento de impacto para oferecer um catálogo de melhores práticas que governos podem adotar para promover o campo do empreendedorismo social em seus países. Nós trabalhamos com um grupo de 200 líderes sociais - são os vencedores do Prêmio Empreendedor Social ao redor do mundo, para desenvolver essas melhores práticas de acesso a investimentos, estruturas de governança e ações regulatórias.
5) RS - Quais são as suas expectativas para a oitava edição da premiação?
MS
- Esperamos ter sobre modelos inovadores que já tenham sido capazes de causar impacto significativo em questões sociais ou ambientais no Brasil. Isso poderia ser em qualquer área, como de acesso à energia, água, habitação, saneamento básico, finanças ou no campo da saúde e da educação. Espero também ver um aumento de organizações que garantem sua sustentabilidade financeira por meio da venda de produtos e de serviços. Estamos ansiosos ainda para trazer o vencedor para a comunidade global da Fundação Schwab e do Fórum Econômico Mundial.
6) RS - Qual o seu entendimento pelo conceito responsabilidade social?
MS
- A responsabilidade social não deve estar limitada a um pequeno grupo de uma empresa ou a uma fundação independente, mas permear toda a organização. Ela é uma estratégia inteligente, se envolver parcerias – cada vez mais, constatamos que as parcerias com empreendedores sociais são uma maneira eficaz para concretizar o compromisso social de uma empresa ou de uma família.

Mirjam Schoening avalia o empreendeorismo social brasileiro

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